Seria possivel aprender uma lição de vida de uma barata? Eu sei que algumas pessoas não gostam das baratas, mas mesmo que este seja o seu caso eu te convido a ler o artigo de hoje. Ela contém uma preciosa lição da barata sobre liderança e qualidade de vida.
Ouvi a estória que trago hoje de um famoso professor. Sabe aquelas vezes que você ouve um negócio e o assunto fica martelando na sua cabeça por vários dias? Pois foi justamente isso o que essa estória fez comigo. Agora vou tentar fazer o mesmo com você. Fazia tempo que algo não me deixava pensativo assim. Aprendi muito com a barata e já tive muitas oportunidades de aplicar esse aprendizado com resultados excelentes na minha vida.
Era uma vez…
O clima do pequeno restaurante estava bastante aconchegante naquela noite. Uma iluminação reduzida proporcionava uma atmosfera graciosa e confortável. O cheiro delicioso das refeições já servidas juntava-se ao vai e vem das garçonetes. O ruído dos risos e das conversas alegres dos clientes misturava-se ao barulho de talheres e copos. Enfim, era uma noite calma onde tudo corria dentro das expectativas de todos os clientes.
Em dado momento, uma criatura inesperada, uma grande e cascuda barata voadora, que veio de sabe-se lá onde, irrompeu restaurante adentro voando na direção da mesa de um grupo de amigos e finalmente pousando sobre o braço de uma das mulheres.
A mulher imediatamente gritou, instintivamente tomada pelo mais puro terror, o corpo todo tremendo e os olhos arregalados de medo. A reação dela contagiou seus amigos, que também assustaram-se e gritaram de medo junto com ela. A mulher esperneava e agitava braços e pernas desesperadamente, mandando pratos, copos, toalha e a própria mesa pelos ares. Caos.
Assim que os tapas da mulher desalojaram a barata do seu corpo, o inseto fez um voo curto e rapidamente escolheu como novo lugar de pouso a cabeça de uma outra moça que já estava alarmada com toda a gritaria na mesa ao lado. Ao perceber que tinha sido honrada com a escolha da barata, a moça levantou-se pulando, gritando e chorando incontrolavelmente, correndo em zigue-zague pelo restaurante, indiferente às mesas e as pessoas em seu caminho, batendo as mãos nos cabelos na tentativa de livrar-se da hóspede indesejada.
Nesse meio tempo, uma das garçonetes, ciente de seu dever de servir bem aos seus clientes, acudiu para tentar acalmar e prestar algum auxílio, já que todos no restaurante estavam igualmente assustados e alarmados com a situação.
A barata, nessa altura bastante infeliz com a recepção dada a ela, já tinha decidido sair dos cabelos da moça. Saiu voando na direção da prestativa garçonete e pousou sobre seu ombro. A garçonete parou na hora, juntando energias para manter-se calma e manter seus impulsos sob controle.
Entre mesas tombadas, cacos pelo chão e comida esparramada, todos os clientes olhavam com atenção para a garçonete, a respiração momentaneamente suspensa por conta da expectativa pelo próximo capítulo daquela novela melodramática.
A garçonete ficou uns momentos observando o comportamento e a movimentação da barata sobre seu uniforme. Quando ela se sentiu confiante o suficiente, puxou lentamente um guardanapo de uma mesa próxima e cobrindo com ele uma das mãos, imobilizou gentilmente a barata com os dedos e a conduziu para fora do restaurante. Fim da estória.
Aprendendo a lição da barata
Vamos analisar juntos o que aconteceu. Você acha que a barata foi a responsável pelo comportamento histérico das pessoas e pelos prejuízos causados ao restaurante com os pratos e copos quebrados e as mesas pelo chão? Compare o comportamento das clientes com o comportamento da garçonete. Há uma grande diferença, não é verdade? Quem se saiu melhor na sua opinião?
Podemos concluir que não foi a barata e sim a falta de habilidade das clientes em lidar com a perturbação causada pela barata que as levou a reagir de forma instintiva, sem pensar. A palavra-chave aqui é reagir.
A garçonete, ao invés de reagir, optou por responder. Ao responder, ela não só acalmou a todos os presentes como também eliminou a causa do problema.
Reagir x Responder
Quando respondemos à uma situação, o fazemos de forma calculada e deliberada, resolvendo a situação com calma e com o menor prejuízo possível para todos os envolvidos (até mesmo para a barata, rssss).
As reações são sempre instintivas, um mero reflexo inconsciente. Pessoas que só reagem diante do inesperado, usualmente trazem dor, sofrimento e arrependimento para si mesmos e para os outros. Considere as consequências das ações das clientes do restaurante com o comportamento reativo delas.
Já quando você responde aos problemas, a sua ação é sempre bem-pensada e deliberada, preservando você de perder o controle da situação, ou de destruir relacionamentos, ou de tomar decisões precipitadas em momentos de raiva, ansiedade, estresse ou pressa.
Se você realmente refletir sobre o assunto, verá que mais do que o problema em si, é a sua reação ao problema que traz o caos para dentro da sua vida.
Ao optar por responder, você conscientemente examina a situação, pensa nos vários cenários possíveis e escolhe a melhor opção para todos, com base nos fatos e no seu conhecimento.
Afinal, o que te perturba?
Perceba que o que te perturba não é a gritaria dos seus pais, ou o mau-humor do seu chefe, ou o comportamento do seu cônjuge, ou o engarrafamento no trânsito ou a falta de educação do seu vizinho. Na verdade o que te perturba é a sua falta de habilidade em lidar com a perturbação de forma responsiva.
Maria (nome fictício) tinha que ir buscar uma pessoa num determinado dia, hora e local. Ela já sabia que essa pessoa era bem “cuca-fresca”, do tipo que não se preocupa muito em já estar pronta na hora combinada, em dar as indicações de endereço corretas, e nem ao menos deixar o telefone ligado para ir se comunicando.
Ela já saiu do escritório sabendo de tudo isso e preparada para passar por um nervoso. Dito e feito. O endereço não conferiu, a pessoa não atendia o celular e a hora passando… Porém desta vez foi diferente. Maria claramente identificou a raiva e a frustração crescendo dentro de si. Lembrou-se da lição da barata e percebeu que estava reagindo à situação.
Optou conscientemente por responder: deixou recados para a pessoa avisando onde estaria e foi tomar um café numa padoca próxima, aproveitando o tempo para ler seus e-mails no celular. Quando a pessoa finalmente lembrou-se de ligar, ao invés de “soltar os cachorros” (o que fatalmente faria com que a outra pessoa também reagisse com raiva), Maria tratou-a de maneira calma, cortês e controlada. Mais tarde percebeu que foi mesmo a melhor opção de resposta, que evitou uma situação de conflito desagradável que duraria vários dias.
Conclusão
Meu convite para você hoje, com base na lição da barata é o seguinte: na próxima vez que você perceber que você está prestes a reagir, pare um momento, respire fundo, conte até seis, e responda à situação com calma e consideração.
Tenho certeza que adotando este hábito, você sempre sairá com a melhor solução possível para todos os envolvidos.
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1 Comentário
Aprender a responder….o desafio está lançado!
Parabéns pelo artigo.