Me empresta a sua lista para eu copiar?” – quem nunca se deparou com essa proposta antes que atire a primeira pedra… Fato é que esta é uma prática comum adotada por muitos alunos, seja por puro proveito do esforço e dedicação alheios, seja por puro desespero de causa na vida atribulada que levamos.

Aproveitando este tema gostaria de lançar uma nova visão, meio diferente, sobre esta prática, tanto do lado do pidão solicitante quanto do lado do benfeitor que empresta.

Quando um professor propõe uma lista de exercícios, sua mais nobre intenção não é ferrar os alunos (como normalmente eles pensam) mas sim dar-lhes a oportunidade de de fato confrontarem a matéria, levantarem suas dúvidas para serem esclarecidas e dar-lhes a oportunidade de praticar o que foi aprendido.

O tamanho da lista varia de professor para professor mas o normal é que ela contenha de 8 a 80 exercícios. Não importando o tamanho o fato é que a lista dá trabalho. O aluno sabe que precisará dedicar várias horas de seu precioso tempo para estudo, pesquisa e resolução da dita cuja.

Com esse cenário em mente, aqui vai meu ponto de vista. Eu já disse isso várias vezes em sala de aula e repito neste artigo: eu ADMIRO os alunos que conseguem que um colega lhe passe a lista para copiar.

Sim, ADMIRO. São pessoas com uma carreira promissora pela frente, possivelmente na área de gestão de pessoas.

Podemos resumir o papel de um gestor (chefe, gerente, supervisor, diretor etc) em uma frase bem simples: “conseguir resultados através das pessoas“.

A resolução de uma lista de exercício envolve tempo (em alguns casos muuuuito tempo) para ser feita, tempo esse que poderia ser usado para muitas atividades recreativas legais e bacanas como passar com a família, namorada, amigos, filmes, diversão etc).

Assim, quando um aluno consegue que um colega seu permita que a sua suada lista seja copiada por ele (após tanto trabalho investido e sacrifício de tempo de sua parte), esta é uma clara e bem-sucedida demonstração de influência e lábia comunicativa. Ele “conseguiu resultados (para si) através das pessoas”.

Esta é a causa da minha admiração por esses alunos. Veja bem, isso não quer dizer que eu, do ponto de vista do professor, concorde com essa situação. Pelo contrário! Porém do ponto de vista da dinâmica comunicativa envolvida, é admirável.

Vejamos a situação do lado do indivíduo que após tanto trabalho e tempo investido ainda se dispôs a passar sua lista para a cópia de outro (que nesta altura da estória já chegou nas mãos de mais uns dois ou três alunos além daquele que pediu primeiro). Proponho algumas perguntas para reflexão.

Caro e estimado aluno:
Quanto você ganha por hora trabalhada? Quanto vale para você uma hora que você passa com sua família ou com seu/sua namorado(a) ou amigos? Que tal se você cobrasse pelo tempo que você investiu na resolução da lista para permitir o acesso a ela?

Isso mesmo, valorize-se! Não se venda barato, por um nada! Preste um serviço remunerado no lugar. Aí sim!

Que que você acha? Dá pra ganhar uma graninha assim?

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Sobre o Autor

Antonio Albiero
Antonio Albiero

Antonio Albiero é Mentoterapeuta Integrativo, Engenheiro e Educador. Atua na indústria há 30 anos e há mais de uma década tratando, mentorando evoluindo e desenvolvendo pessoas.

6 Comentários


  1. Este é o meu Professor!
    Eu sabia! Eu sabia que você era (aliás é!) diferente!
    Eu, Apesar de ser Palmeirense, rendo-me ao nobre Corintiano!
    Parabéns pelo excelente trabalho!
    Até a próxima aula!

  2. Olá Professor,
    Concordo em partes com essa afirmação que a propósito, escutei pessoalmente de você.
    Creio que não exista apenas o preto e o branco, que não existam apenas 50 tons de cinza, mas sim, uma infinidade de tons sem contar a dimensão das cores.
    Assim, cada caso é um caso a ser tomada uma ação específica. Vejo que nem tudo pode ser motivado por valores materiais ou interesses pessoais, porque se assim fosse, a sociedade viveria uma guerra constante.
    Certa vez um repórter americano acompanhando a rotina de Madre Tereza de Calcutá, disse à ela que nem por um milhão de dólares faria o que ela faz, então, ela se virou à ele e disse: Eu também não faria isso nem por um milhão, mas por amor o faço de graça…
    Assim, penso eu que nem todos os que são espertos ao ponto de desonestamente convencer o outro a entregar sua suada labuta gratuitamente ou algo assim, um dia chegue a ser alguém importante e estimado até o final, pois, um dia a casa cai em público ou em secreto. De mesma forma, aqueles que cooperam com outros em suas necessidades, receberão de volta nas suas. Talvez eu seja ingenuo de ainda acreditar nisso em pleno Sec. XXI.
    É claro que isso não significa ser idiota, que aliás, há aos montes, que o digam as urnas recentes, pois a linha que separa o bom do bobo é tênue…

    • Certíssimo, João Ricardo.
      Concordo plenamente com os seus comentários. Gostei muito da sua referência à madre Teresa. Não conhecia essa passagem da vida dela. Muito bom!
      Repare que o meu ponto de vista neste artigo tem lá a sua dose de ironia e uma pitada de sarcasmo com relação a esse assunto. O objetivo é sensibilizar os bons alunos quanto ao valor do seu trabalho e do tempo que foi investido. Não tenho a intenção de criar um mercado paralelo nas faculdades, rssss.
      Convido você a continuar enriquecendo as discussões do site com o seu ponto de vista, beleza?
      Valeu!

  3. Olá Professor!
    Realmente, o colega que consegue tirar proveito de trabalho alheio tem uma grande influência sobre os outros. Mas, como disse nosso amigo João Ricardo “um dia a casa cai” e quando isso acontecer o sujeito estará só e desguarnecido de conhecimento para poder continuar sua trajetória, a não ser que sempre encontre um solidário pra lhe ajudar.
    Acredito também que o sucesso desse “aproveitador” não se dá apenas por ele ser influente, mas também pela sua atitude. Muitos possuem conhecimento, influencia e várias outras qualidades, mas o simples fato de não terem atitude acaba os deixando abaixo dos “aproveitadores”.

    • Muito bem, Ricardo. Sábias palavras! De fato é assim. E é uma pena que os estudantes não valorizam o trabalho duro que tiveram para desenvolver os exercícios.
      Continue participando. Grato pela sua reflexão!